Alexandre Garcia
Foi embora deixando saudades, um vazio nos corações, sejam cristãos ou não. Como não veio para fazer política, nem para ouvir discurso de palanque, foi à capital católica do país, Aparecida, mas não foi a Brasília. Mas nas homilias e declarações, fez Política - com P maiúsculo. Disse que o estado precisa ser laico, para servir a todos - nada de crucifixos como guarda-costas de agentes públicos. E pediu aos jovens que não desistam de lutar contra a corrupção. "Não desanimem, não se acostumem com o mal" - nada como um papa sul-americano para conhecer a passividade de alguns países da região.
Passividade estranha, muito estranha, das polícias militares do Rio e São Paulo. Esperam que destruam e saqueiem, para depois agir. No episódio dos pelados com cara coberta, que chutavam crucifixos e esmagavam imagens de Nossa Senhora nas areias de Copacabana, nenhum policial apareceu para flagrante com base no art. 208 do Código Penal: "Vilipendiar publicamente ato ou objeto do culto religioso" - dá um ano de prisão. Por que tanta omissão? Na verdade, foi uma sucessão de erros, improvisos e amadorismo, mesmo com um ano de planejamento. E o prefeito do Rio, que nada aprendeu com a humildade do Papa, ainda se deu nota "perto de 10".
Também estranho é afirmar que havia 3,5 milhões de pessoas na missa de domingo, em Copacabana. A fé precisa estar afinada com a Física. O número, maior que toda população do Uruguai, equivaleria a botar toda população de Salvador e a de Santos, na praia de Copacabana, e usar 70 mil ônibus para transportá-la - o Rio tem 8.700 ônibus urbanos. Também demandaria cerca de 35 mil banheiros. E como a área toda, do Morro do Leme ao Forte, tem 622.500 metros quadrados, incluindo palcos e barracas, teríamos que esmagar seis pessoas por metro quadrado. Mas como só ocuparam 2 km de extensão da praia, e havia espaço entre as pessoas, não peca quem calcular que havia no máximo 700 mil pessoas - o que é muita, muita gente. A fé, que move montanhas, multiplicou o número por cinco.
E acho que fui profeta. Vocês leram, no meu artigo escrito em março, logo após a fumaça branca: "Ecce Franciscus! Eis Francisco, para salvar a Igreja." Será que ficou um pouco dele para salvar o Brasil? Com informações do só noticias.
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