terça-feira, 6 de agosto de 2013

Empresária fabrica "sorvete de pelo" com planta para alimentar gado.

A casca dura e espinhosa que envolve a polpa carnuda e levemente ácida do figo-da-índia nunca foi impedimento para que a fruta fosse consumida no Nordeste do país.
Nas mãos da empresária Kaline Castro, o "pelo", como é conhecido na região, se transformou em sorvete no município de Angicos, no semiárido do Rio Grande do Norte. Por lá, o figo-da-índia muda de nome em razão dos pontinhos cheios de minúsculos espinhos (parecidos com pelos) que penetram na pele.
  • Eduardo Mendonça/Divulgação
    A palma onde nasce o 'pelo' é um tipo de cacto
Kaline Castro diz que a ideia de usar a fruta nativa da caatinga para essa finalidade foi sugerida por um vizinho.
Proprietária da sorveteria Sertão Gelado, a pequena empresária acolheu a sugestão e fez vários testes com o "pelo" antes de incorporá-lo ao cardápio de sorvetes exóticos feitos com tapioca, umbu, rapadura, caju, entre outros, que resultam em uma produção mensal de 750 litros e 6.500 picolés.
Kaline Castro informa que passou a receber encomendas de um restaurante de Natal e que o sorvete de "pelo" tornou-se o carro-chefe da sua sorveteria.
A Sertão Gelado conta com a assistência da Ufersa (Universidade Federal Rural do Semiárido) por meio de um programa de incubadoras do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) no Rio Grande do Norte. 
  • Eduardo Mendonça/Divulgação
    A polpa do 'pelo' é carnuda e azedinha
O "pelo" ou figo-da-índia é proveniente da palma, uma espécie de cacto nativo, usado na alimentação do gado especialmente em época de seca. A empresária recebe os frutos limpos e sem espinhos comercializados pelos catadores da região.
Para manter a constância na produção de sorvete, Kaline Castro planeja cultivar uma área com o figo-da-índia como forma de manter uma colheita regular. "Por ser utilizado para alimentação dos animais, o fruto não é muito valorizado por aqui", informa.

Frutas nativas merecem cuidado redobrado

Não faz tanto tempo que os consumidores se deram conta da diversidade de frutas exóticas do país. No passado, elas costumavam ser conhecidas apenas em seus locais de origem.
Para Salete Brito, nutricionista do Hospital de Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), é importante o país valorizar sua riqueza alimentar, mas sem abrir mão de cuidados. "Um fruto pode ser tóxico. Se você não o conhece, não colha e não coma", informa.
No caso do "sorvete de pelo", ela afirma que o figo-da-índia é uma fruta conhecida, embora pouco consumida, e que a empresária teve o respaldo de uma universidade para prosseguir com suas invenções. Com informações de VOL noticias.

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