segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Governo considera o escândalo página virada e decide não se pronunciar


Lula e Dilma, durante evento em Brasília: ex-presidente cancelou discurso que faria na noite de sexta-feira (Iano Andrade/CB/DA Press)

A presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PT decidiram que não vão mais se pronunciar sobre a prisão dos réus do mensalão. No caso do partido, o tom da manifestação política foi dado na nota emitida pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão, na tarde de sexta-feira, defendendo os militantes e reafirmando que não houve compra de votos tampouco desvio de recursos públicos. 

Já no governo, o silêncio é uma opção clara de não prolongar um assunto que o Planalto considera encerrado. A estratégia também é adotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cancelou participação em evento do PCdoB na sexta-feira. Entretanto, ele teria ligado para José Dirceu e José Genoino para prestar solidariedade: “Estamos juntos”, teria dito.

No governo, a avaliação é de que a prisão dos réus encerra um ciclo político. Os condenados, sobretudo os petistas, foram julgados, houve os recursos, estes foram analisados, sobreveio a condenação e, por fim, a execução do mandato de prisão, embora falte apreciar os embargos infringentes de parte dos réus. “Não é algo que prossiga. É algo que se encerra com os fatos da última sexta”, disse um interlocutor do governo.

Em relação a Dilma, a avaliação é de que, diante da inevitabilidade das prisões, melhor foi elas terem acontecido ainda em 2013, um ano antes das eleições presidenciais. Apesar de algumas sinalizações tímidas de apoio, a presidente sempre fez questão de manter um certo distanciamento do caso. Antes mesmo de o julgamento ser iniciado, em agosto de 2012, ela reuniu os ministros mais próximos para definir que o Executivo federal se pronunciaria o mínimo possível sobre o tema. E justificou, na época, a decisão: “Nós somos o Planalto pós-mensalão”.

A analogia, na visão de aliados, fazia sentido. A própria Dilma só se tornara presidente porque fora alçada à condição de chefe da Casa Civil com a queda de José Dirceu. No governo, os petistas réus da Ação Penal 470 tinham pouca ou nenhuma influência, o que tornava desnecessária qualquer manifestação explícita de desagravo. Esse papel deveria ser exercido pelo partido, não pelo Planalto.

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