sexta-feira, 29 de novembro de 2013

ASSEMBLÉIA PAGAVA A DEPUTADO TUCANO O COMBUSTÍVEL DO HELICÓPTERO DO PÓ



A Assembleia Legislativa de Minas pagava o combustível do helicóptero do deputado estadual , aliado dos tucanos, Gustavo Perrella (SDD-MG) flagrado com 445 kg de pasta base de cocaína, no último domingo, no Espírito Santo. A informação, que consta em uma reportagem no site YouPode, assinada por Larissa Arantea, acrescenta que, entre janeiro e outubro deste ano, “o parlamentar gastou R$ 14.071 com querosene para avião, segundo o relatório do Portal da Transparência do Legislativo. O Ministério Público de Minas informou que irá investigar o caso. A Casa ainda pagava, desde abril, o salário de R$ 1.700 para o piloto que dirigia a aeronave, Rogério Almeida”, exonerado na terça-feira.

O valor gasto só neste ano é suficiente para a compra de 2.814 litros, levando em consideração que o litro de querosene de avião custa R$ 5, segundo uma pesquisa da reportagem em empresas especializadas. Com o total seria possível percorrer, no mínimo, 6,5 mil quilômetros.

O deputado Gustavo Perrella confirmou, na véspera, que utiliza a verba indenizatória para encher o tanque da aeronave Robinson R-66, que pertence à sua empresa Limeira Agropecuária e Participações Ltda. Perrella reconhece, inclusive, que usa a máquina para deslocamentos pessoais e da sua empresa, em sociedade com a irmã Carolina Perrella e o primo André Almeida Costa.

“Os abastecimentos com recursos da verba indenizatória são regulares e só não aconteceram em fevereiro e abril deste ano. Em junho, por exemplo, o valor gasto chegou a R$ 3.483. Em julho, no recesso parlamentar, o deputado gastou R$ 1.547 em querosene de avião. Por mês, cada parlamentar pode gastar R$ 5.000 com combustível e lubrificante. A assessoria da Casa afirmou ontem que o valor não poderia ser gasto com transporte aéreo, mas depois voltou atrás e disse que os pagamentos, desde que fossem para viagens a trabalho, eram legais”, acrescenta.
Ministério Público. O promotor Eduardo Nepomuceno disse que há suspeita de irregularidade e que irá abrir uma investigação. “Os gastos só podem ser para uso do exercício do mandato. Lembro que o MP já investiga os gastos da mesma natureza referentes a Zezé Perrella (senador, pai de Gustavo) no período em que este foi deputado estadual”, explicou o promotor.

Gustavo Perrella afirma que não há irregularidade em abastecer o helicóptero de sua empresa com o dinheiro da Assembleia. “Todas as vezes que abasteci com a verba da Assembleia foi a trabalho, para visitar as minhas bases”, disse.

Além do transporte aéreo, o deputado não dispensa o uso de carros. Só neste ano, o abastecimento de seus veículos demandou R$ 27.185 da sua cota de verba indenizatória. A Assembleia não exige a comprovação das gastos. “Subentende-se que foi a trabalho”, disse a assessoria da Casa.

Intimado

Perrella (SDD-MG), de 28 anos, será intimado a depor pela Polícia Federal sobre o uso do “helicóptero do pó”, como ficou conhecida a aeronave que transportava cocaína. Também serão convocados uma irmã e um primo do deputado, todos sócios da Limeira Agropecuária. A empresa pertenceu ao senador Zezé Perrella, (PDT-MG) até o ano de 2008, quando ele passou a firma aos parentes.

Segundo o delegado da PF Leonardo Damasceno, até agora não há prova de envolvimento da família Perrella ou da empresa com o tráfico.
– Eles não figuram como investigados. (O depoimento) vai ser um mero esclarecimento da versão do piloto – disse o delegado.

O piloto Rogério Almeida Antunes, funcionário da empresa, foi preso na zona rural de Afonso Cláudio (ES) após descarregar a droga da aeronave, no último domingo. Também foram presos o co-piloto Alexandre de Oliveira Júnior, 26, e duas pessoas que receberam a droga.


Na segunda, o deputado negou envolvimento e disse não saber da viagem feita pelo piloto, mas já voltou atrás nessa versão, depois que o advogado de Rogério, Nicácio Tiradentes, o contestou ao afirmar que seu cliente ligou, na véspera, pedindo aval para o frete ao deputado. Após a declaração, Gustavo Perrella recuou e disse, por meio de seu advogado, que recebeu uma mensagem do piloto pedindo autorização para o frete e deu um “ok”, mas sem saber que seria para transportar drogas. O piloto disse que achava que eram “insumos agrícolas”.

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