sexta-feira, 4 de outubro de 2013

PORNÔ AO VIVO’ É A NOVA FEBRE DE VÍDEOS ADULTOS NA INTERNET.



Dinheiro gerado pode chegar à casa de US$ 1 bilhão, dizem analistas

MATT RICHTEL
THE NEW YORK TIMES

Nova York, EUA. Uma mulher de 25 anos, cujos fãs a conhecem como Lacey ou Miss Lollipop (nenhum dos dois é o nome real), passa um pouco de base no rosto. “É para as câmeras de alta definição”, disse, trajando um vestido roxo decotado e com o cabelo preso em um coque.

Eram 10h no escritório em sua casa, um três-quartos alugado no Novo México, nos Estados Unidos. Lacey é uma modelo de câmera ao vivo. Ela realiza espetáculos sexuais de uma mulher só, geralmente na própria casa, embora já tenha atuado em um carro, em uma trilha de caminhada e até num aeroporto. A ação é capturada por uma câmera pequena e barata presa sobre seu laptop e disponível para quem visitar o site MyFreeCams.

O setor de câmeras, espécie de versão digital do “peep show”, já existe há alguns anos, mas como a tecnologia se tornou melhor e mais barata, o conceito se mostra mais do que passageiro, criando uma oportunidade de ganhar dinheiro em um negócio de pornografia, abalado pela distribuição de conteúdo sexual gratuito na internet.

Ao contrário da pornografia gravada, os shows com câmeras, que acontecem em tempo real, são difíceis de piratear. O tráfego nos sites mais populares do gênero é substancial, com alguns dos principais obtendo 30 milhões de visitantes por mês, segundo o Compete.com, que mede o tráfego na internet nos EUA.

Lucro. A todo momento, centenas de modelos estão online, algumas sendo assistidas por mil ou mais homens, outras oferecendo shows particulares. O dinheiro gerado pelos sites de câmeras é, no mínimo, de centenas de milhões de dólares e, muito provavelmente, na casa de um bilhão ou mais, segundo analistas e executivos do setor.

Geralmente, o dinheiro não vem das assinaturas ou do pay-per-view, mas de créditos ou “gorjetas”, fichas eletrônicas que os espectadores dão e que lhes oferece a possibilidade de interagir com as modelos – passando instruções por mensagens digitadas para usar determinado brinquedo sexual ou utilizá-lo de forma específica. Os sites oferecem a plataforma, coletando e distribuindo as gorjetas entre as modelos. Segundo Lacey, em um mês bom, ela ganha US$ 8.000 (R$ 17,8), quase uma cifra de seis dígitos por ano.

Essa estrutura de pagamento, e o fato de que as modelos podem trabalhar em um local seguro, inverte astutamente a tradicional dinâmica de poder no mercado sexual. Uma modelo de câmera ao vivo não necessita nem de cafetão nem de protetor.

Porém, como um modelo de negócios descentralizado em um setor tradicionalmente fragmentado, o segmento das câmeras ao vivo também tem seus abusos, com algumas mulheres sendo impelidas pelo desespero econômico ou até mesmo pela escravização. E algumas delas descobriram que ainda podem ser chantageadas, ameaçadas com a revelação para amigos e familiares e pressionadas a fazer coisas não negociadas.


Web transformou a indústria pornográfica
Nova York. 
A erosão do setor do filme pornográfico foi bem registrada e antecede o fenômeno das câmeras ao vivo. A culpada foi a internet, que, embora tenha tornado o conteúdo pornográfico mais acessível, também estimulou a disseminação da pirataria.

As câmeras ao vivo foram a segunda influência abaladora. Uma parte do conteúdo pode ser gratuita para os usuários, mas, na verdade, gorjetas e outras tarifas produzem rendas substanciais.

Douglas Richter, consultor executivo do LiveJasmin, um dos sites de câmeras ao vivo mais visitados, estima a receita anual do setor de câmeras ao vivo como um todo em mais de US$ 1 bilhão. Estima-se que o segmento da pornografia como um todo gire em torno de US$ 5 bilhões, uma queda e tanto em relação à década anterior.

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