Quando
a reunião da bancada do PSDB no Congresso realizada nesta quarta-feira
(16) em Brasília entrou na pauta sobre a montagem de palanques regionais
duplos entre candidatos tucanos e o PSB do governador pernambucano
Eduardo Campos, que deve disputar à Presidência em 2014, um deputado
paulista famoso por suas frases de efeito saiu-se com essa: “Palanque
duplo é coisa de corno”.
Os
presentes caíram na gargalhada, mas logo passaram a discutir a sério o
tema. O caso de infidelidade política local que mais preocupa os aliados
do também pré-candidato Aécio Neves é o de São Paulo.
No
Estado governado pelo PSDB há quase 20 anos, o governador Geraldo
Alckmin articula uma dobradinha com o PSB que pode incluir a realização
de uma campanha casada. Os tucanos paulistas lembram que, nas disputas
presidenciais anteriores, as campanhas em Minas Gerais foram marcadas
por alianças informais entre Aécio Neves e o PT.
O
movimento ficou conhecido como “Lulécio” em 2006 e “Dilmasia” em 2010,
quando o tucano Antonio Anastasia elegeu-se governador e Dilma Rousseff
presidente.
O
PSDB de São Paulo e o Palácio dos Bandeirantes evitam tratar desse tema
abertamente para não melindrar o senador mineiro, mas não escondem que a
prioridade total é incluir a legenda de Campos no arco de alianças do
governador paulista.
“O
Aécio vai ter que engolir esse sapo”, diz um dirigente tucano. A
avaliação é que Alckmin não pode correr o risco de o PSB lançar um
candidato próprio que reforce a artilharia contra o governador na TV e
nos debates.
“As
realidades regionais nem sempre são alinhadas com o quadro nacional.
Como não há verticalização, não há obrigatoriedade de alinhamento”,
reconhece o deputado Marcus Pestana, presidente do PSDB mineiro e aliado
de Aécio.
O
alcance da “dobradinha”, que já começa a ser batizada de “Geduardo”
(Geraldo + Eduardo), preocupa o comando nacional tucano. Segundo o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os candidatos ao governo estadual
podem aparecer nos materiais de campanha de mais de um candidato
presidencial, já que não existe a regra da verticalização.
Isso
significa que Eduardo Campos pode surgir no meio da propaganda dos
deputados da chapa tucana no espaço reservado ao PSB. E também em
adesivos, banners e panfletos ao lado de Geraldo Alckmin.
A
tese de palanque duplo para atrair o partido do governador de
Pernambuco não é consensual no PSDB. “Defendo que o partido lance uma
chapa pura para o governo. Sou contra o palanque duplo”, afirma o
ex-deputado Milton Flávio, presidente do PSDB paulistano.
Ciente
de que teria dificuldades para estruturar a campanha em São Paulo,
Aécio já buscava abrir espaços alternativos ao Palácio dos Bandeirantes
muito antes de Campos surgir como adversário direto, aproximando-se de
políticos do PSDB no interior paulista. Se o mineiro for derrotado em
2014, Alckmin desponta, se reeleito, como nome natural ao Planalto em
2018. Dante arruda
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