DOENÇAS CAUSADAS PELO ESTRESSE NO TRABALHO
AFASTARAM 21.144 EM UM ANO
Além
do reajuste salarial, os bancários que completaram ontem 21 dias de greve pedem
melhores condições de trabalho. No ano passado, 21.144 trabalhadores do setor
foram afastados do trabalho por doenças relacionadas ao exercício da profissão,
segundo o coordenador coletivo nacional de segurança bancária da Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Ademir Wiederkehr.
Desse total, 25,7% foram frutos de doenças psíquicas, como estresse, depressão,
síndrome do pânico, entre outras.
É o
caso de um bancário de Belo Horizonte que chegou a perder os cabelos após
sofrer um assalto. Quem conta é a diretora de saúde do Sindicato dos Bancários
de Belo Horizonte e região, Luciana Duarte. “Até hoje ele vive em constante
pânico e tem tremedeira quando passa perto de uma agência”. Segundo ela, boa
parte da suspensão do trabalho se deve a problemas causados por traumas em
razão da falta de segurança, além da pressão da jornada, com metas inatingíveis
e constante assédio moral. Segundo o presidente da entidade, Clotário Cardoso,
18% dos bancários em todo o país precisam tomar remédio controlado.
A
“Pesquisa Nacional de Mortes em Assaltos Envolvendo Bancos”, da Contraf,
mostrou que aconteceram 30 mortes no país, só no primeiro semestre de 2013, por
causa da falta de segurança nos bancos. O total foi superior ao de igual
intervalo do ano passado, de 27 mortes. “Boa parte dos crimes aconteceu na
saída das agências. Somente em agosto, foram dez sequestros em todo o Brasil”,
ressalta Wiederkehr.
Para
ele, falta prevenção. Ele lista algumas medidas que poderiam evitar a violência
nas agências: a adoção de vidros blindados, de porta-giratória, câmeras
internas e externas, além de biombos entre os caixas. “Também é importante que
a abertura e fechamento das agências fique sob a responsabilidade das empresas
de segurança privada ou possa acontecer de forma remota”.
bombas amarradas no corpo. Um bancário de Belo Horizonte, que pediu para não ser identificado
na reportagem, concorda que os sequestros poderiam ser reduzidos se os
bancários não ficassem com a chave dos cofres e dos bancos. Ele se lembra de
três conhecidos que sofreram sequestro: um deles, o tesoureiro de uma agência,
era encarregado de guardar a chave do cofre, e foi obrigado a passar uma noite
com bombas amarradas pelo corpo.
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