A
visita de parlamentares federais e membros de comissões da Verdade ao
1º Batalhão de Polícia do Exército (Tijuca, zona norte) foi marcada por
agressões e xingamentos. Ali funcionou o Destacamento de Operações de
Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), centro
de tortura no Rio durante a ditadura militar.
O
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) acusou o deputado federal Jair
Bolsonaro (PP-RJ), oficial da reserva do Exército, de ter lhe dado socos
durante a confusão ocorrida na entrada do quartel. O pepista diz que
foi xingado pelo senador e apenas trocou empurrões. O tumulto, que durou
pouco menos de um minuto, aconteceu quando Bolsonaro tentou entrar no
quartel. Ele não integrava a lista de visitantes.
Os
senadores Rodrigues e João Capiberibe (PSB-AP) tentaram impedi-lo.
Houve troca de desaforos, dedos em riste e muito empurra-empurra. “A
única intenção dele era tumultuar e impedir a nossa visita. Eu e o
senador Capiberibe colocamos o braço no portão do quartel, para tentar
impedi-lo de entrar. E ele me deu alguns socos por baixo, que pegaram na
minha barriga. É o procedimento dele, que todos conhecem. Bolsonaro faz
parte de um Brasil que vamos virar a página. E não se pode virar uma
página que não foi lida”, afirmou Rodrigues.
Bolsonaro
negou que o tenha agredido. “Não dei soco em ninguém. Capiberibe
colocou a mão no portão para eu não entrar. Randolfe se meteu no meio e
me chamou de vagabundo. Houve, então, uma troca de elogios e empurrões.
Só isso. (…) Eu ficaria muito triste em dar um soco numa pessoa como
aquela. O importante é que eles não conseguiram me impedir de entrar no
quartel. Essa é a democracia deles: de uma opinião só”, afirmou.
O
tumulto só foi contornado após o comandante do batalhão,
tenente-coronel Luciano Simões, permitir a entrada de todos, inclusive
de Bolsonaro, que não havia sido convidado. O deputado foi vaiado por
cerca de 30 manifestantes, ligados ao grupo Tortura Nunca Mais (RJ) e a
movimentos de esquerda, que o chamavam de “fascista”.
A
troca de empurrões entre o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o
deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) deve render uma ação do partido
do senador contra o parlamentar do PP no Conselho de Ética da Câmara dos
Deputados. Em nota, divulgada na tarde desta segunda-feira (23), o PSOL
anunciou que vai representar Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar
após agressão física contra Randolfe.
Segundo
a nota do PSOL, Bolsonaro teria dado um soco no estômago de Randolfe.
Com a agressão, o líder do partido na Câmara, Ivan Valente (SP),
anunciou que dará entrada a uma representação contra o deputado do PP.
“Ele usou de violência contra um senador. O Bolsonaro, mais uma vez,
extrapola todos os limites”, afirmou Valente.
Os
ativistas montaram em frente ao quartel um varal com fotos de mortos e
desaparecidos durante o regime militar. Bolsonaro não acompanhou a
comitiva. Enquanto os integrantes das comissões nacional e estadual da
Verdade visitavam o prédio onde funcionou o DOI-Codi, ele permaneceu no
pátio.
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