Obra de Nicolau Maquiavel, escrita em 1513, mostra-se contemporânea na política. Cientista político aconselhou governantes a como agir para manter o poder
Fonte
permanente de estudo, pesquisas e teses, para cientistas políticos,
sociólogos e filósofos, uma obra clássica da ciência política – que
chega a ser tratada como a sua origem – está completando 500 anos, com
uma leitura aparentemente atualizada ao se aplicar a práticas políticas
conservadoras e, sem evidente contradição, contemporâneas no País.
Trata-se de O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, escrita em 1513,
que chega ao quinto século, mas com “cara” de que foi ontem. Por apenas
13 anos, não tem a mesma idade do Brasil.
Distinguindo-se
épocas e os costumes, tradições, ética e moral, o pensamento e os
conselhos de Maquiavel parecem ter atravessado séculos e interpretarem
ou terem sido adotados na conduta política nas democracias
representativas no mundo, muito particularmente, nas mais jovens e menos
consolidadas, normalmente em países de economias emergentes e
sociedades mais desiguais. A obra de Maquiavel é do final da Idade
Média, período Renascentista (século XVI).
Nicolau
Maquiavel nasceu em Florença (Itália), em 3 de maio de 1469. Filho de
uma família pobre, dedicou-se aos estudos e jovem leu os clássicos da
política, o que o levou a ocupar cargos públicos, à nobreza e a ser
diplomata. Neste cargo, conheceu César Bórgia – um líder poderoso, filho
do papa Alexandre VI – que o teria inspirado a escrever O Príncipe. Na obra, Maquiavel orienta a como governar e manter o poder absoluto, se preciso até usando a força e fazendo inimigos.
As ideias em O Príncipe acabaram,
com o tempo, gerando uma derivação para o termo “maquiavélico”,
comumente aplicado a pessoas astutas, desleais, oportunistas e
manipuladoras. A adjetivação “maquiavélico” tornou-se sinônimo ainda de
coisa inescrupulosa ou pessoa fria e calculista, que planeja o mal em
beneficio de si.
Estudiosos
consideram o termo, porém, equivocado, inapropriado e impróprio.
Inclusive porque Maquiavel pregou, também, a importância da ética na
política e a cultura política sem corrupção, com princípios morais. Em
recente artigo, o professor, economista e pensador Fernando Antônio
Gonçalves ressalta que a obra “influenciou o modo de pensar a política e
o poder na sociedade do mundo ocidental”.
Período de vassalagem, Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi um vassalo. Em O Príncipe aconselha
aos governante sobre o que fazer e o que não fazer para conquistar, ter
o poder absoluto e não ser impopular. “Poucos veem o que somos, mas
todos veem o que aparentamos", interpretação que cabe na relação entre
poder e mentira. Sobre a conduta recomendada a um príncipe, diz: “O
homem que tenta ser bondoso todo tempo está fadado à ruína entre os
inúmeros outros que não são bons”. Sobre a prática política, é
profético: “Na política, os aliados atuais são os inimigos de amanhã”.
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