domingo, 30 de março de 2014

Protesto ‘Não mereço ser estuprada’ movimenta Facebook após resultado de pesquisa



Internautas postaram fotos com o dizer ‘Eu não mereço ser estuprada’
Foto: Reprodução

Um protesto virtual batizado como “Eu não mereço ser estuprada” movimentou ontem à noite o Facebook. A manifestação aconteceu um dia depois da divulgação do levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que indicou que 65% dos 3.810 entrevistados concordam, total ou parcialmente, com a ideia de que mulheres que deixam o corpo à mostra merecem ser atacadas. Indignadas com o dado, muitas delas aderiram ao protesto online e postaram fotos seminuas.
Convocada pela manhã, a campanha pedia que mulheres tirassem a roupa, se fotografarem da cintura para cima, com um cartaz que dissesse: “Eu também não mereço ser estuprada”. A princípio, a campanha começaria às 20h, mas, antes do horário, muitas já haviam postado seus registros com o hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada. 
“Todos sabem que a sociedade está cada vez mais banalizada, mais ‘fácil’, mais ‘atrevida’ e com ‘menos’ roupas, mas isso não quer dizer que algum ser humano, seja homem, mulher ou homossexual, mereça de alguma forma passar pela humilhação, trauma e constrangimento de ser abusado sexualmente”, escreveu San Melo, uma das internautas.
Homens no protesto
Protesto na internet mobilizou mulheres (e homens) contra resultado de pesquisa sobre estupro no Brasil Foto: Montagem sobre fotos / Facebook
Na campanha, muitas mulheres optaram por substituir suas fotos de perfil e capa por imagens de apoio ao protesto. Mas o ato contou também com a participação de muitos homens, que se indignaram com o pensamento predominante revelado pela pesquisa.
“Sou homem, tenho 26 anos, fui educado principalmente por uma mulher (minha mãe). Ela, desde que me conheço por gente, me ensinou, que, em primeiro lugar, devemos respeitar o próximo, independente de sexo, religião, raça, classe social”, escreveu Bruno Silva, que também postou fotos.
Durante o ato, alguns homens postaram mensagens ofensivas às mulheres, defendendo a ideia de que a exibição do corpo é, sim, motivo de estupro. As internautas Cláudia Costa e Leticia Branco protestaram imediatamente.
“Com as publicações aqui colocadas em tom ridículo de brincadeira, vemos claramente o posicionamento de alguns homens em relação a algo tão sério e acredito que nem deveriam ser respondidas”, escreveu Cláudia.
“Acho que todos os babacas escrevendo palhaçada têm que ser denunciados à polícia!”, anotou Leticia.
Mulheres grávidas e que ainda estão amamentado aderiram ao movimento. A criadora do protesto virtual, a jornalista e escritora Nana Queiroz, explicou que a intenção da manifestação era mudar a mentalidade das mulheres que falaram à pesquisa. Do total de entrevistados pelo Ipea, 66,5% são do sexo feminino.
— Queremos mostrar que pode, sim, andar na rua de minissaia, decote ou top. As mulheres precisam se sentir à vontade para mostrar os corpos e, talvez, com a aderência das amigas e de muitas outras à campanha, a gente consiga atingir essa mudança de mentalidade.(O Globo)




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