O Banco Central informou nesta quinta-feira (20) ao juiz federal Sérgio
Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, que
cumpriu decisão a decisão judicial que determinava o bloqueio das contas
de 16 suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na
Petrobras
e de três empresas investigadas. Segundo o ofício enviado pela
autoridade monetária à Justiça Federal do Paraná, foram bloqueados R$
47.887.164,89 (
veja a lista completa dos bloqueios ao final desta reportagem).
Sérgio Moro havia determinado na última terça-feira (18) a
quebra do sigilo bancário e o bloqueio de bens
de 16 dos 23 presos na Lava Jato, além das três empresas ligadas aos
investigados. No documento enviado ao Banco Central, o magistrado
solicitava dados sobre contas, investimentos e outros ativos mantidos
entre os dias 5 e 18 de novembro deste ano. O juiz federal também havia
determinado que o Banco Central bloqueasse valores depositados nas
contas dos suspeitos.
Entre os investigados que tiveram as contas bancárias bloqueadas estão o
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que tinha R$ 3,2
milhões depositados em bancos brasileiros, e o lobista Fernando Soares,
conhecido como "Fernando Baiano", que somava R$ 8,8 mil.
Duque é apontado por delatores como um dos operadores do esquema de
corrupção que superfaturava projetos da Petrobras para assegurar
pagamento de propinas a executivos da estatal e partidos políticos.
Preso pela
Polícia Federal na última sexta (14), ele está detido na Superintendência da PF em Curitiba.
No despacho da última terça-feira em que determinou que Renato Duque
continuasse preso, o juiz Sérgio Moro alegou risco de o ex-dirigente da
Petrobras fugir para o exterior, já que, segundo o magistrado, o
ex-diretor da estatal
mantém uma "verdadeira fortuna" em contas bancárias fora do país. Esses valores que estariam no exterior não foram bloqueados pela Justiça Federal nesta quinta-feira.
Além disso, a autoridade monetária encontrou R$ 6,5 milhões nas contas
da Hawk Eyes Administração de Bens; R$ 2 milhões nas contas da Technis
Planejamento e Gestão em Negócios; e R$ 140,1 mil nas contas da D3TM
Consultoria e Participações.
Em depoimento à Polícia Federal, o executivo Júlio Camargo, da Toyo
Setal – fornecedora da Petrobras –, afirmou que Fernando Baiano é um dos
sócios da Technis Planejamento e Gestão. Camargo também disse acreditar
que a Hawk Eyes Administração de Bens seja de propriedade do cunhado de
Baiano.
Nas contas do vice-presidente da construtora Engevix, Gerson de Mello
Almada, o Banco Central encontrou R$ 22,6 milhões em cinco contas
bancárias. Entre os investigados pela PF, ele foi quem teve o maior
valor bloqueado.
Outro executivo que teve uma quantia milionária bloqueada pela Justiça
foi o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, apontado como um dos líderes do
cartel de construtoras que pagava propina a dirigentes da Petrobras em
troca de facilidades em licitações. De acordo com o levantamento do BC,
Pessoa tinha R$ 10,2 milhões em suas contas correntes.
Das 16 pessoas que foram alvo da ordem judicial, o Banco Central
identificou que apenas dois suspeitos estavam com as contas bancárias
zeradas: Valdir Lima Carreiro, diretor-presidente da IESA; e Erton
Medeiros Fonseca, diretor-presidente de Engenharia Industrial da Galvão
Engenharia